Como tardigradas podem nos ensinar a sobreviver no espaço?

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Se tardígrados, considerados alguns dos seres mais indestrutíveis conhecidos, pudessem ajudar cientistas a entender melhor os desafios para a sobrevivência de humanos no espaço? Essa é uma pergunta interessante que Isadora Arantes, brasileira embaixadora na NASA e candidata a astronauta, e Geancarlo Zanatta, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, propõem através de um novo estudo. Os resultados foram apresentados durante a Conferência de Ciência Lunar e Planetária de 2025, realizada no Texas, Estados Unidos, em março.

Eles são conhecidos como "ursos d'água", e nos últimos anos tornaram-se objeto de várias pesquisas devido à sua capacidade de sobreviver a temperaturas extremas (de -271 ºC até mais de 150 ºC), pressões superiores a mil vezes as normais e radiação ionizante intensa. Essas características os tornam ótimos modelos para pesquisas em astrobiologia, bem como sobre o potencial para a vida além da Terra.

Segundo Arantes e Zanatta, o segredo de sua resiliência está nas chamadas proteínas supressoras de danos, as DSup ("Damage Suppressors"). Essa molécula é capaz de reduzir os danos no DNA causados pela exposição à radiação: ela forma uma espécie de escudo protetor ao redor do material genético, reduzindo rompimentos nas hélices do DNA e preservando a integridade do genoma.

Novo estudo simula as dinâmicas moleculares das proteínas DSup com um software específico e descobre como elas evitam mutações genéticas induzidas pela radiação. Além disso, a equipe investigou como as proteínas de choque térico (HSPs) e enzimas antioxidantes ajudam a manter a estabilidade proteica e a reduzir danos oxidantes.

Os resultados revelam muito sobre os segredos por trás da sobrevivência dos tardígrados, mas vão além. De acordo com a equipe, as descobertas indicam também como seriam os seres vivos presentes em ambientes extremos fora de nosso planeta, caso algum deles exista nestes locais. "As descobertas mostram que a resiliência dos tardígrados imita possíveis formas de vida em ambientes extraterrestres extremos, como Marte, Europa e Titã", explicaram.

Marte é conhecido por altos níveis de radiação e água líquida com ocorrência episódica, enquanto as luas Europa e Titã têm oceanos sob suas superfícies. "Por exemplo, a estabilidade das proteínas no oceano na subsuperfície de Titã, conforme foi explorado em estudos relacionados, sugere a plausibilidade da ocorrência de vida em misturas de água e amônia sob condições criogênicas", acrescentaram.

Não se acredita que tardígrados possam ajudar somente na astrobiologia. Em verdade, a adaptação deles pode ter aplicações em biotecnologias que possam tornar o corpo humano mais resistente às condições duras do espaço, como os altos níveis de radiação, o frio extremo e mais.

Arantes e Zanatta ressaltam que as aplicações dessa adaptação "destacam a ampla relevância dos extremófilos em lidar com desafios na Terra, enquanto contribuem para as bases científicas para futuras missões espaciais". A equipe destaca que pesquisas futuras com abordagens computacionais e experimentais vão ajudar a revelar os mecanismos de sobrevivência de extremófilos como tardígrados.


Matéria retirada de: canaltech.com.br

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