Cientistas identificaram a primeira baleia-franca-austral intersexo com genes XXY

Um cientista da Universidade de St. Mary descobriu, em amostras de pele coletadas há três décadas através de arpões, uma baleia-franca-austral diferente das outras: ela é a primeira da espécie a apresentar genes XXY. A característica, chamada popularmente de aneuploidia do cromossomo sexual, significa que o mamífero marinho é intersexo, podendo exibir características tanto femininas quanto masculinas.
Tal como os humanos, os cromossomos das baleias-francas-austrais (Eubalaena australis) expressam XX nas fêmeas e XY nos machos. Entre as várias amostras coletadas há décadas, uma delas — de um indivíduo marcado como Eau10b — foi inicialmente identificada como XX. Porém, estudos mais recentes mudaram este cenário.
A descoberta surgiu após a bióloga Carla A. Crossman notar algo incomum em uma baleia XX: um gene Y na região determinante do sexo (SRY). Este gen só deveria aparecer no cromossomo Y, nos machos, mas a Eau10b mostrou, em testes posteriores, ter esta característica. A baleia possui, portanto, um arranjo XXY.
Este fenômeno ocorre quando uma cópia extra do cromossomo duplicado surge durante a divisão celular, podendo afetar a fertilidade do animal em questão. Nos animais, é difícil detectar a aneuploidia, já que os sinais não são tão óbvios. Em humanos, especificamente em homens, o surgimento de um cromossomo X extra é chamado de Síndrome de Klinefelter, gerando sintomas como hipermobilidade, maior altura, quadris largos e seios avantajados.
Sobre a raridade desta condição em baleias, os especialistas têm dificuldade em determinar a frequência de aneuploidia nos mamíferos marinhos. Nos humanos, a condição é rara, mas, nos animais, será necessário coletar mais dados genéticos e analisá-los com mais precisão para chegar a uma resposta. Nas baleias-francas-austrais, o fenômeno foi registrado pela primeira vez somente agora, porém outras espécies de baleia com aneuploidia já foram encontradas.
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